Nesta semana a Nvidia publicou um comunicado em PDF anunciando a morte oficinal do Mental Ray depois de deixá-lo agonizando durante 10 anos, ele foi relegado e estava desprovido de atualizações decentes desde a compra da Mental Images pela empresa no final de 2007, pois o único objetivo da Nvidia era sugar suas tecnologias para desenvolver aplicações de Raytrace aceleradas pela GPU, já que eles não estão preocupados em vender programas e sim placas de vídeo.
O Mental Ray foi o pioneiro em Raytrace na década de 80 e todos os outros renderizadores por Raytrace que existiram e existem se basearam em tecnologias desenvolvidas para ele, mesmo depois da profusão dos renderizadores no início dos anos 2000 o Mental Ray continuou inovando enquanto seguia hegemônico nos principais programas 3D e nos melhores filmes do cinema, como é o caso do Ambient Occlusion, criado pela ILM para o Mental Ray em 2002 durante a produção do filme Pearl Harbor e usado atualmente em todos os sistemas de renderização, inclusive os Real-Time.
Se fosse citar somente os principais filmes renderizados pelo Mental Ray daria para preencher diversas páginas, pois ele reinou absoluto nos estúdios de Hollywood durante 20 anos entre as décadas de 90 e 2000, foi usado em praticamente todos os filmes com efeitos especiais em 3D que assistimos nesta época, enquanto que, o Renderman, lançado comercialmente no mesmo ano, trabalhava com outra tecnologia e era largamente utilizado em filmes de animação 3D.
O Mental Ray renderizou Star Wars, Matrix, O Exterminador do Futuro, Tron, Hulk, Homem Aranha, O Dia Depois de Amanhã, Alexandre, Blade Trinity, Clube da Luta, Poseidon, entre muitos outros, também ganhou diversos prêmios da academia de cinema pelos avanços proporcionados nos efeitos especiais, mas tudo mudou quando Rolf Herken, fundador da Mental Images, vendeu a empresa para a Nvidia, que estava interessada apenas na tecnologia de Raytrace e no Iray, um dos primeiros renderizadores interativos por GPU que foi criado com base no Mental Ray.
A partir de 2007 o Mental Ray foi aos poucos sendo deixado de lado pela Nvidia, entrou em coma e passou a respirar por aparelhos, ficou sem receber novas tecnologias e atualizações relevantes a ponto da Autodesk desistir da integração dele nos seus programas e comprar a Solid Angle, desenvolvedora do Arnold, que hoje substitui o Mental Ray no 3ds max e Maya.
Agora, prestes a completar 30 anos no mercado, a Nvidia desfere o golpe de misericórdia e avisa que não vai mais desenvolver o Mental Ray, informa que direcionará o seu foco para os produtos que criaram a partir das tecnologias subtraidas dele como o Iray, OptiX e o formato de materiais MDL, entretanto, o foco da Nvidia nunca esteve no Mental Ray.
Muitos artistas 3D tiveram seu primeiro contato com um renderizador realista no Mental Ray integrado no Softimage desde a época da Avid, no Maya desde a época da Alias Wavefront e depois no 3ds max, portanto, ele será lembrado com muito carinho por toda uma geração de artistas, a primeira geração dos profissionais de 3D usando Softs DCC, eu que trabalhei profissionalmente com o Mental Ray por mais de 10 anos em produtoras de vídeo e emissoras de TV, vou guardá-lo para sempre no meu coração.
Leia o PDF divulgando a morte do Mental Ray clicando aqui.
Você também pode ler o artigo que publiquei na 3D1 quando o Mental Ray foi integrado no 3ds max 6 clicando aqui, onde testei e descrevi os principais recursos que o Mental Ray oferecia naquela época, alguns deles impossíveis até então no 3ds max e outros que até hoje não estão disponíveis em qualquer renderizador, como Volume Caustics, por exemplo.
Você ainda pode ler os comentários na notícia original clicando aqui.
Veja abaixo a sequência sensacional da famosa luta entre Neo e o Dr. Smith renderizada com o Mental Ray.