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FUTURO DO FUTURO - Uma forma de conjugar a ficção e o amanhã

Por: Marcelo Baglione  

Em: 09/05/2018 19:40

Oi Marcelo, tudo bem?

Também vou postar a resposta que postei no tópico da animação sobre o que você disse e complementar.

Eu lembrei de você hoje quando postei a notícia sobre os vídeos técnicos da Siggraph, acho que você vai adorar, principalmente os últimos mostrando simulação de vento para design aerodinâmico interativo e um robô que está aprendendo a se locomover tendo pernas com rodas nas pontas. rsrsrsrs

Tem tudo haver com isso que você está falando sobre a motricidade dos robôs, pois após eles aprenderem a andar bem com duas ou mais pernas, agora resolveram sacanear o aparelho colocando rodas nas pontas das pernas para ele se equilibrar sozinho, é só um trechinho que aparece, mas é legal ver.

Sobre os robôs de antigamente e de hoje nos filmes de ficção científica, realmente eram bem caricatos com movimentos restringidos, até o C3PO tinha movimentos restritos e tem até hoje, mas em Blade Runner já eram perfeitos.

Agora, sobre a foto do robô do perdidos no espaço, não vi a série, mas o robô se tornou tão conhecido que muita gente nascida bem depois do fim da série sabe quem é ele, muito legal a imagem em close.

Abração e tudo de bom.

André Vieira
Andre, boa noite

Quanto aos robôs, o C-PO3 é uma caricatura e deve ser assim. Já o personagem Robô de Perdidos no Espaço é um conceito que vigorava. Já Blade Runner (1982) o androide replicante Roy Batty (Rutger Hauer), uma unidade de AI é um paradigma que alcança ou toca algo que é o sentido deste Turning Point: o sentimento, o afeto. O final da obra mostra isso de forma belíssima. Esta cena final praticamente traz o mitológico fogo prometéico ao organismo cibernético. Isso não é ciência: é milagre, é se tornar criador. Como o androide evoluiu, por si só, até este patamar, Andre? Quem é criador e quem é criatura?
Abração fraterno,

Marcelo Baglione

P.S.: A imagem é uma cena que faz parte do final da grande obra Blade Runner do fora de série, o diretor britânico Ridley Scott. Este meu comentário foi extraído do tópico Animação automática de quadrúpedes que o Andre publicou. Andre, ainda vamos falar muuuito sobre Blade Runner!
Metropolis - VII (ESPECIAL SOBRE O ENIGMÁTICO EPIGRAMA DO ROMANCE E DO FILME)

O filme Metropolis tem inúmeros vetores a serem explorados. Vou comentar, brevemente, um deles que representa a síntese de toda a obra e que só pode ser entendido ao termino do filme. Sem assistir todo o filme, você não compreenderá, na plenitude, o epigrama de abertura de Metrópolis.

Em virtude de ter achado esta epigrama tão formidável, sintético, resolvi verificar como ele estava no livro Metropolis da escritora Thea von Harbou (1888-1954) que também foi roterista do filme homônimo.

No filme, a tradução é a seguinte: "O mediador entre a cabeça e as mãos deve ser o coração."

Na obra em inglês, no românce, portanto, consta: "The mediator between brain and muscle must be the Heart."

Claro, óbvio que fiquei cismado com a tradução dada no filme que substitui "músculos" por "mãos". É evidente que é uma adaptação muitíssimo feliz - poderia ser, até, uma licença poética. No entanto, se eu fosse o autor adotaria, mesmo, "músculo" em detrimento de "mãos", porque os músculos se reportam perfeitamente à luta e à divisão de classes, sendo que a classe escrava-trabalhadora que subsistia no inframundo de Metropolis fazia o uso dos músculos, da força bruta, para sustentar o sonho e o ideial da cidade apolínea na superfície.

Entretanto, fui checar, ainda, a versão em língua portuguesa que diz extamente a mesma coisa que o original:

"O mediador entre o cérebro e o músculo deve ser o coração."

No entanto, o frontispício completo do livro Metropolis é revelador do ponto de vista psicológio e político - sem dizer histórico! -, pois é o pensamento da escritora e roteirista Thea von Harbou. Vejam:

"Este livro não é sobre hoje ou sobre o futuro,
Ele fala de lugar nenhum,
Ele serve a nenhuma causa, partido ou categoria,
Ele tem uma moral que cresce no pilar do entendimento:
"O mediador entre o cérebro e o músculo deve ser o coração."
(T.V.H.)

Thea von Harbou disse uma coisa, mas em 1932, antes de Hitler subir ao poder na Alemanha, aclamado como Chanceler em janeiro de 1933, ela ingressou no Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães ou simplesmente Partido Nazista, se tornando uma colaboracionista e adepta de um dos regimes mais crueis e destrutivos de toda a história humana.

Embora seja um epigrama, estas breves palavras iniciais do romance Metropolis não deixam de ser o mais absoluto e profundo frontispício da personalidade ou crisálida - ainda oculta - da nazista Thea von Harbou.

Como se sabe, seu ex-marido e diretor de Metropolis, Fritz Lang, era de origem judaica. Logo, não deu mole e sartô fora, fugindo da Alemanha que, logo depois, considerou sua obra um perigo, sendo condenada pelo emergente regime totalitário nazista.

Voltando, agora, ao epigrama do romance, gostaria de fazer algumas observações.

"Este livro não é sobre hoje ou sobre o futuro,
Ele fala de lugar nenhum..."

Haveria que se fazer uma pesquisa biográfica profunda a respeito deste período de sua vida. Vamos, por isso, conjecturar.

Dizer que seu romance não fala sobre o "hoje" e nem mesmo a respeito do "futuro" ou é diletantismo ou um tipo de percepção, mesmo que bastante oclusa, a respeito de uma certeza do seu amanhã. Afimar que a sua obra não se reporta nem ao presente e muito menos ao futuro, por lógica, só resta o passado. Este passado, pra mim, é história, é fato irrefutável de uma máquina mortífera que devorou a Europa Ocidental e Oriental e a África do Norte.

Sou sincero: não conheço a biografia de Thea von Harbou, mas seria uma hipocrisia ou cegueira fundamentalista, negar a crise que vivia a Alemanha naquela época. Ela viveu o pré-nazismo, sua ascenção e toda a crise econômica que soterrou a sociedade alemã de então e, por conseguinte, a escalada inflacionária assassina que corroía o seu país, dia após dia, destruindo sua sociedade e suas famílias impiedosamente.

Hipoteticamente, se a Srª Thea von Harbou negava esta realidade, afirmando que Metropolis não se reportava ao "futuro", eu posso jogar com a possibilidade de que ela sabia qual seria a possível e infausta alvorada da "sua Alemanha" - "SIM!" Ela até poderia não ter uma noção consciente disso, mas produziu uma obra que praticamente profetizou exatamente o oposto. Logo, se tivessemos a possibilidade de pô-la em análise, especialmente este grande sonho totalistarista, eu afirmaria que seu inconsciente já estava atuando com má fé.

A Venezuela e a sua crise fabricada pelo fanatismo de décadas é uma pequena amostra, perto do que foi a Alemanha que antecedeu a subida de Hitler e toda uma casta de psicopatas ao poder alemão, do qual Thea von Harbou foi testemunha ocular e depois colaboracionista.

Quando a autora diz que Metropolis "...Fala de lugar algum" é a mais cínica mentira, porque, em sua psique, não é uma ficção, mas uma realidade, uma projeção localizada e com firma reconhecida. Reafirmo a má fé oculta na personalidade desta escritora.

Continua a autora em seu epigrama, quando diz que "Ela serve a nenhuma causa, partido ou categoria". Aqui, Thea von Harbou faria o pai do cinismo, Antístenes de Atenas (445 a.C. - 365 a.C.) se ruborizaria de vergonha. É muito interessante vermos que ela profetizou sobre si mesma! Defendeu uma "causa", entrou para um "partido" e se "categoria" for compreendido - alternativamente - como judeus, negros, ciganos, doentes mentais, homossexuais, eslavos ou qualquer opositor do regime genocida nazista; ou, para estar mais de acordo com Alfred Rosenberg (1893-1946), o pai da ideologia racista-ariana do nazismo, todos os Untermenschen ou subumanos . "Categoria" são simplesmente vítimas do amanhã do qual Harbou foi partícipe. Ela já tinha em si mesma - soubesse ou não - as sementes e os fundamentos da encarnação de Falsa Maria que só mentia. Aliás, mentir foi a sua única verdade da qual ela nunca se escondeu, ao propalar, entre as massas, as inverdades e todo o desastre provocado por esta personagem que nada mais foi do que uma porção da projeção da psique de Thea von Harbou.

Portanto, Metropolis não é somente uma obra de ficção científica; é, também, uma projeção psíquica que sempre esteve presente e embutida na psique de sua mentora, a romancista, roteirista Thea von Harbou que, ao final da Segunda Grande Guerra, foi capturada e presa pelos inglêses que lhe imputaram a severíssima pena de trabalhos forçados na Inglaterra. Entre os anos de 1945 a 1951, o Tribunal Penal Internancional de Nuremberg ordenou que Thea von Harbou  fosse impedida de trabalhar com cinema na Alemanha.

Na penúltima frase do epigrama, Thea von Harbou diz: "Ele tem uma moral que cresce no pilar do entendimento..." Pergunto, então: A que moral ou costumes, hábitos e preceitos éticos e edificadores, ela se curvou e realmente serviu na realidade? No filme, quando a turba reconhece a Falsa Maria como uma bruxa, ela é levada à fogueira, onde é queimada, revelando realmente quem é: o robô ou androide Maschinenmensch. Quem era, em verdade, Thea von Harbou, então? Ao término do epigrama, em sua última frase, ela fala de afeto, por que, então, aderiu a uma causa que tinha como fundamento a psicopatia numa escala inimaginável?

É sabido que a filiação de von Harbou ao nazismo foi decisivo no divorcio entre ela e Fritz Lang, pois, até onde pude constatar, ela foi uma fiel colaboradora na cinematografia do partido, onde ofereceu suporte e criação ao Reich e ao malígino e manco todo poderoso da propaganda nazi fascista, Josef Goebbels.

Novamente, pergunto: Quem era Thea von Harbou?

Por quê?

P.S.: A foto que ilustra, mostra, à esquerda, Fritz Lang e, à direita, Thea von Harbou. Juntamente, os epigramas do filme e do livro Metropolis nas duas versões. Em Metropolis - VIII, falarei um pouco sobre detalhes INTERESSANTÍSSIMOS a respeito da estética desta obra.
Oi Marcelo, tudo bem?

É muito interessante essa indagação que fez sobre os robôs, principalmente na parte filosófica, mas sobre a parte técnica, estes dias eu vi um vídeo onde os programadores ensinavam a AI a jogar aqueles Games antigos da época do Atari como Pong e Pitfall, você acredita que a AI não apenas ganhava o jogo depois de treinar um tempo como simplesmente destruia o jogo explorando os Bugs que a gente nem sabia que existia.

O vídeo é esse: https://www.youtube.com/watch?v=wm8tK91k37U

OBS: Agora que pode anexar vídeo novamente nas mensagens, estou anexando para facilitar a visualização.

Lembrei disso para tentar responder a sua questão, porque pode ser que a própria AI venha a aprimorar os robôs e a si mesma.
Já a parte filosófica é bem mais complexa. rsrsrsrs

Eu gostei muito do paralelo que fez entre a obra da Thea e a sua psique, mostrando como o seu comportamento estava completamente alinhado com o drama exibido no filme.

É impensável uma ex-mulher de judeu se filiar ao partido nazista, será que ela fez isso para se vingar do Fritz?

O mais impressionante de tudo é o fim que ela teve, fim merecido pelo visto.

Você é um dos poucos aqui que sabe como a minha vida está enrolada no momento, mas assim que ajeitar as coisas vou parar para assistir este filme com calma e atenção.

Abração e tudo de bom.

André Vieira
Andre, boa noite. É uma obra cinematográfica imperdível! Não deixe de assistir quando tiver tempo. Pelo que compreendi, Metropolis nada mais é do que uma projeção psíquica da autora, a Thea, mas ainda quero discorrer um pouco sobre a estética apresentada por Metropolis, pois antecipa - ACREDITE! - a cineasta predileta de Adolf Hitler: Leni Riefenstahl (1902-2003). Ela, de certa maneira, antecipou Leni Riefenstahl, Andre - além de Blade Runner (1982). Leni Riefenstahl foi um gênio, mas um gênio que trabalhou, colaborou com o regime genocída e desumano de Hitler e seu nazi-facismo.

Em breve, publico.
Abração fraterno,

Marcelo Baglione
Opá estou chegando atrasado ainda vai levar um tempo para ler tdo.
Reinaldo Silva, tranquilo? Seja bem vindo e comente à vontade. Sugiro que começe lá pelo início, mesmo, pois embora seja uma redação e publicação sem compromisso, há uma sequência nas postagens. Abração fraterno, Marcelo Baglione
Metropolis - VIII

Gottfried Huppertz, O Compositor da Trilha Sonora de Metropolis


Gostaria de destacar algo que julgo fundamental e da maior relevância na obra-prima Metropolis, antes de iniciar reflexões a respeito de certas questões estética deste marco da ficção científica do início do século XX. Ouso dizer que Metropolis não seria a obra genial que foi, sem a sua trilha sonora, composta pelo compositor alemão Gottfried Huppertz (1887-1937). Você tem que assistir o filme para compreender esta casamento perfeito que há entre Metropolis e sua trilha sonora. Perfeita!

Portanto, aguardem, para breve, novas postagens.
Abração fraterno,

Marcelo Baglione
Como este grupo de estudo e reflexão não tem ordem alguma, estou postando uma resposta ou colaboração que deixei no na publicação que o Andre fez, cujo título é Modelagem em VR no Rhino. Andre, pode deixar que vou comentar a "Luva" também, rs.
==================
Poxa, vamos concordar que é um saco a seleção de vertex no Max, mesmo você utilizando ferramentas de seleção mais afins. Viu como ele é feita no vídeo? Muito show! Quanto à modelagem em VR é digna de "Futuro do Futuro", onde será postada, também, Andre. Concordo com você em relação a eliminação de certas etapas, mas ainda diria mais. Esta tendência pode estar nos colocando em contato com um novo limiar na modelagem; um outro Truning Point, porém, com uma peculiaridade, não do futuro, mas do passado. Vou explicar.

Eu vejo esta nova tendência em TI, voltada à modelagem como uma revolução sem precedentes na própria história da evolução da computação, Andre.

Por quê?

Pelo simples fato que não estou pensando somente em termos de mãos e dez dedos interagindo, trabalhando, modelando e criando alguma obra ou seja o que for em 3D, fazendo o uso do corpo como um todo. Se vermos em termos de prospectiva e de todos os avanços que vem acontecendo é bem possível que sua mão não seja somente um meio ou veículo para segurar e orientar um brush (pincéis) ou um mouse.

Será que este artista digital do amanhã usará não somente uma mão, mas cada um dos dez dedos como alternativas de modelagem, onde cada dedo pode ser mais do que um brush? Pra quem não sabe há violonistas que usam (no caso de um destro) todos os cinco dedos da mão direita. Isso é muito comum em violonistas ou guitarristas flamencos.

Explico melhor, Andre.

Acho que você até pensou nisso, embora não tenha expresso em seu texto. Não reparou que se este exercício de prospectiva vingar, este artista estará sendo, sem tirar nem pôr, um... "Oleiro Digital" que não usa somente as duas mãos, mas, também, todos os seus dedos, da mesma forma que um oleiro que usa todas as duas mãos, além de alguns recursos primitivos para executar ou melhorar detalhes em sua arte.

Vamos avançar mais um pouco.

Se este artista ou oleiro digital estiver ligado, conectado a uma Network Neuro-Mental - avançadíssima, claro!!! -, os comandos poderão ser efetuados não somente por voz, mas por algum tipo de reconhecimento telepático. Logo, ele poderá estar trabalhando ou não, simultaneamente, com outro artista ou sendo observado de forma presencial ou não. Por conseguinte, ele poderá ter, como opção, tanto os comandos manuais, atalhos ou hotkeys através de comandos de voz - ou, mais reservadamente, mental, telepática.

Para concluir, este artista, fruto de um avanço prospectivo, naturalmente usará o seu corpo, num universo VR, podendo trabalhar o seu projeto tanto externamente como ingressando no interior dele, verificando, em várias vistas, o seu trabalho por fora e por dentro. É o artista ingressando e transpassando não só o tempo e seus avanços, mas também a própria obra.
Abração fraterno,

Marcelo Baglione

P.S.: A obra que usei para ilustrar esta reflexão é um trecho do afrescos que se encontra no teto da Capela Sistina, no Vaticano, conhecido como A Criação de Adão criado pelo mestre e gênio italiano, o pintor e escultor Michelangelo Buonarotti (1475-1564).
Como disse, em breve retomarei minhas reflexões sobre a obra em questão, em Metropolis - IX.
Abração fraterno,

Marcelo Baglione

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